20 de dezembro de 2010

Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito cantaram suas tatuagens

Um dos grandes amores da vida de Nelson Cavaquinho era Ligia, uma mulher sem-teto que dormia aos pés da estátua de dom Pedro 1º, na praça Tiradentes, centro do Rio. Os dois costumavam ficar horas conversando, tomando cachaça, ali, sentados à beira da escultura. Não raro adormeciam, só acordando com os raios do sol - ou sob a ordem de algum policial mal-humorado.

A fascinação de Nelson pela mulher chegou a tal ponto que o compositor resolveu tatuar o nome Ligia em seu ombro direito. Na mesma época o parceiro Guilherme de Brito havia feito o samba Tatuagem: O meu único fracasso / Está na tatuagem do meu braço... Ele fez a canção como uma forma de reclamar do preconceito que sofria da polícia e de muitas pessoas pela tatuagem que também levava no corpo, um índio em um dos braços. Um dia tentou até apagá-la esfregando castanha de caju no local. Só serviu para deixar o índio com uma cicatriz na testa.

Como os dois compositores tinham um acordo, Nelson entrou como parceiro da música, além de um tal Paulo Gesta. O compositor viu na letra uma forma de homenagear a amada, uma mulher que levava uma vida dura e sofria preconceito de tudo o que é lado. Já para Guilherme, era para reclamar da discriminação que ele próprio sofria. Não importa. O último verso cabe para os dois casos: Muita gente tem o corpo tão bonito / Mas tem a alma toda tatuada.

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