12 de novembro de 2007

Obrigado, Iran

Pênalti infantil. Não, não é o momento de agir como criança dentro da área. Foi querer afastar o perigo numa bicicleta espalhafatosa, quase acertou o rosto do adversário e... o juiz está apontado para o cal fatal. Faltam duas rodadas. São 30 da segunda etapa. O Corinthians vai voltar à zona de rebaixamento. Não, não é o momento.

Enquanto o lateral-direito trapalhão está se sentindo culpado, como se pensasse: “Por que escolhi ser jogador de futebol? Não queria ser o culpado pela tristeza de tanta gente”, o zagueiro e capitão é a imagem da desolação. Mãos no rosto, cara de choro. Os jogadores sentem o peso da cobrança enquanto o juiz os retira da área para a cobrança.

Estou sem ar. Vislumbro o sofrimento para as próximas duas rodadas derradeiras. “Estaremos um ponto atrás”, penso. “E agora?”. Não há solução. Não há saída. O futebol me dará essa tristeza. Eu, num canto da sala, espero pela definição do lance. O jogador adversário, famoso por ser bom nas bolas paradas, corre para a cobrança. Meu coração corintiano bate no mesmo compasso da sua corrida.

Bateu! Eu, que há pouco estava olhando para baixo, arregalo os olhos. A bola parte forte. Segue rasteira para o canto esquerdo. A famosa “cobrança indefensável”, como adoram analisar os comentaristas esportivos. Prevejo a rede estufando, o que murcharia 80% das minhas esperanças. Alias, caso estufe, terei que passar a ser bom em matemática. Só com equações complexas poderia encontrar a saída.

Não estufou! O goleiro salta mais do que a matemática poderia supor. Chega no momento exato de, com a ponta das unhas, desviar a bola para a linha de fundo. A torcida explode. O goleiro começa a pular, como se tivera feito um gol. Por um segundo, para mim, o mundo é perfeito.

A equipe continua na berlinda. Caso não seja competente nas próximas rodadas, ainda pode cair. Mas, neste momento, apenas sinto que é muito bom ser corintiano. E agradeço ao Iran – o tal lateral-direito trapalhão – por ter me feito sentir tantas emoções em menos de um minuto. Obrigado.

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